terça-feira, 23 de março de 2010

Mulata Exportação(Poema de Elisa Lucinda)


Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega exportação, vem meu pão de açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu
meu dendê?)
Minha torneira, minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol, entendeu,
meu gelol?
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso,
seu karaokê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada...
Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas,
nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “seu delegado..."
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade,
Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:
Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
E tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito
“Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!
Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!
Gosto muito desse poema.O mesmo me chama atenção pela forma com que traz ou mostra a erotização da mulata,sua sensualidade, que muitas vezes é tratada como uma construção cultural ingênua mas que surgiu através de relações de poder,do domínio que o senhor de engenho exercia sobre suas escravas tratando-as como objetos sexuais, peças que podiam ser descartadas.
Atualmente é possível observar vestígios de hierarquia entre o homem branco e a mulher negra. Machismo e racismo..."O domínio do HOMEM junto ao domínio do BRANCO".
"A Lei não muda a cultura e a visão de mundo das pessoas" mas através de poemas como esse pode-se elevar o nível de consciência delas...Realmente:"deixar de ser racista, meu amor,não é comer uma mulata!"

terça-feira, 16 de março de 2010

Representações de gênero nos livros didáticos e paradidáticos

O livro didático divide atualmente lugar de destaque com outros recursos pedagógicos. O livro didático procura subsidiar as matérias regulares do currículo escolar. Já os livros paradidáticos são vistos como complemento, uma vez que apresentam conteúdos que relacionam a temáticas que tangenciam as disciplinas do currículo oficial.
Os livros (didáticos e paradidáticos) apresentam textos e ilustrações que reproduzem e veiculam representações de gênero. Representações estas que tem "efeito de verdade".
Surge daí a necessidade de repensar escolhas e modos de leitura dos livros que são avaliados anualmente nas escolas. Ao "adotar" um determinado livro deve-se levar em consideração a presença ou ausência de papéis atribuídos a ambos os sexos, tanto nos textos quanto nas imagens; a manifestação ou não de sexismo na linguagem e a estimulação ou não da equidade entre homens e mulheres em atividades, jogos ou atitudes propostas.
São comuns livros com linguagem sexista em que palavras e expressões ocultam ou desqualificam o feminino. Um exemplo banal, porém marcante disso tudo, é usar a palavra homem para designar todos os seres humanos enquanto a palavra mulher designa apenas a fêmea da espécie. Por que não usar expressões como "espécie humana","seres humanos","homens e mulheres"?
É necessário promover nos textos e ilustrações imagens de equidade e cooperação entre homens e mulheres de diferentes raças, idades, religiões e posições sociais e eliminar conteúdos discriminatórios e estereotipados.
Para que educadores e educadoras tornem-se comprometidos com mudanças nas relações de gênero é preciso compreender como diferentes linguagens ajudam a manter ou a redefinir posições, seja na literatura selecionada, nos filmes que são exibidos aos alunos, em piadas feitas pelo professor ou escutadas por ele sem que o mesmo se manifeste, nas advertências, nas premiações, etc. Enfim, é preciso questionar e sensibilizar para que surjam novas relações de reciprocidade baseadas na equidade e no respeito às diferenças.

domingo, 7 de março de 2010















No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. A data foi criada não apenas para comemorar. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia, terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher pois mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem discriminação de vários tipos. A luta não pode parar! Que haja mais autonomia, mais cidadania e menos violência para as mulheres.


Parabéns mulher!!!!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cotas nas universidades

Teve início hoje uma série de audiências públicas que estão sendo promovidas pelo Supremo Tribunal Federal. Tais audiências envolverão acadêmicos e ativistas políticos que discutirão a política de cotas raciais nas universidades públicas. As audiências acontecem do dia 3(hoje) ao dia 5 de março.
O sistema de cotas é uma ação pública que defende uma minoria étnico/racial que sofre inúmeras desigualdades.
Debater a pertinência constitucional das cotas leva a "calorosas" discussões. São muitos os pós e os contras.
Por acreditar que o combate às cotas raciais é uma forma de preservar a desigualdade de oportunidades, acho que essa e outras formas de ação afirmativa são importantes e servem para tentar superar o racismo ainda tão evidente nos dias atuais.